Um problema? Sem solução?
A tirania de um príncipe em uma oligarquia não é tão perigosa para o bem-estar do público quanto a apatia de um cidadão em uma democracia. - Montesquieu
Vão chegando as eleições, e a discussão sobre voto impresso volta a ter destaque. É impressionante como isso tomou força em 2018 e vem sendo pauta de discussão política até hoje. Ninguém se importa com reforma política séria, mas falar sobre validação de voto, aí sim, é um assunto importante.
Sim, eu concordo que as eleições são um dos eventos mais críticos para uma sociedade moderna (pelo menos por enquanto) e precisam ser discutidas a fundo, afinal de contas, estamos escolhendo pessoas que representam teoricamente nossos ideais para votar diariamente em várias pautas e terem suas vidas expostas para toda a população, afinal de contas a internet facilitou muito a vida dos espalhadores de boato ou dos descobridores da verdade. Existe uma linha de pensamento que defende a eleição de representantes gerais e também representantes por "distrito", dando assim mais um voto para o cidadão referente a um candidato do distrito que ele reside, eu gosto da analogia de "quase um vereador mas também quase um síndico", isso já seria um dos pilares da reforma política, que realmente, nosso país está precisando. Porém, o ponto mais impactante para alguns é o tal do voto, mais especificamente, a urna eletrônica. Do nada, nosso "querido presidente" começou a soltar uns comentários sobre a integridade das eleições no Brasil e aí voltamos àquele velho papo de segurança das urnas, não é a primeira vez que vejo isso, mas agora estão tentando o tal do voto impresso de qualquer maneira. Os apoiadores do presidente temem tanto uma derrota que mascaram isso em uma possível tentativa de fraude das urnas. Ok, não estou dizendo que é impossível, mas isso pelo que eu saiba, teria espaço para acontecer antes da assinatura digital, que só é decodificada em cada estado específico da urna. Bom, alguém teria que invadir e sabotar todo o sistema brasileiro, composto por produtos de algumas consultorias (tipo a Oracle), ou seja, não é algo totalmente mantido e desenvolvido pelo estado, o que é um argumento bom contra a fraude.
Um argumento forte dos que são contrários ao modelo da urna eletrônica hoje, é de um país mais sério com a política tipo os Estados Unidos, tem voto no papel ainda, inclusive da pra votar pelos correios também. Contudo, o tal do Donald Trump até hoje vive resmungando que as eleições de 2020 também foram fraudadas, bom, então não temos um sistema isento de incertezas, certo? Bom, algum espertinho poderia gritar "Blockchain", e sim, a primeira vista até parece uma boa ideia, mas, será? Bom, o estado de Utah tentou em 2020 em uma espécie de "Proof of Concept", com um sistema chamado Voatz, para eleições estaduais e municipais. O MIT em seguida escreveu um artigo analisando os possíveis problemas desse tipo de sistema online. Essa empresa aparentemente teve sucesso em vender seu sistema, mas não aceitou liberar mais informações sobre o funcionamento, alegando proteger a sua propriedade intelectual. O artigo é de 2020, e desde então, temos novos vários sistemas de "E-Voting" dos tipos descentralizados, escaláveis, com chain, sem chain, e por aí vai. É possível que futuramente tenhamos um sistema confiável o suficiente para usar como modelo seguro de votação, a Coreia do Sul está para testar também um sistema de votação online e seguro.
Ano que vem, teremos eleições presidenciais no Brasil, e pode acreditar, esse assunto do voto impresso ganhará cada vez mais força como possível discurso de uma interrupção nas eleições, o que teria consequências horríveis para o nosso país. É tipo aquele carinha que não aceita ir pro gol na pelada. A base de eleitores do governo é uma turma bem conservadora e apegada em suas crenças, então, vão tentar de tudo pra burocratizar e tentar piorar as questões socio-econômicas no país, mas esse não é o intuito do meu blog, mesmo eu deixando implícita minha opinião sobre o assunto. O fato é que cada vez mais mentiras são contadas sobre as urnas eletrônicas, o que deixa difícil para o eleitor saber o que é verdade ou não. O que efetuarão com o comprovante de +100 milhões de brasileiros? Passar em um contador automático ou manual que também será alvo de críticas igual nos Estados Unidos? Enfim, penso que isso me parece muito um discurso preocupado de perdedor.