Pivotando a carreira
"Meu trabalho é falar com clientes, hum, ao telefone, sobre ... uh, quantidades e, uh, tipo de ... papel de copiadora. Você sabe, se podemos fornecer a eles, se eles podem, uh ... pagar por isso. E, hum ... Estou ... Estou me entediando só de falar sobre isso." - Jim Halpert, The Office
Owen Wilson e VinceVaughn protagonizaram um filme de 2013 chamado "TheInternship" (Os Estagiários PT/BT). É uma comédia sobre dois homens na casa dos 40 anos que perderam seus empregos e decidem tentar uma vaga de estágio no Google, participando de uma competição. O problema é que eles não tinham formação superior, não sabiam quase nada de tecnologia e provavelmente o maior problema da trama, eram velhos demais, num lugar onde 99% dos candidatos tinha entre 20 e 23 anos. Depois de muito estudo, muitas trapalhadas (claro), eles conseguem o estágio, porém, uma coisa me chamou muito a atenção nesse filme, uma das grandes razões de eles terem sido escolhidos, foi porque o chefe do programa de estágio teve empatia pela situação das personagens.
Teria VinceVaughn, que escreveu o roteiro, prevido o futuro, pois graças a pandemia, finalmente conseguimos observar os números absurdos de pessoas na casa dos 30 e 40 anos, trabalhando informalmente, ou pior, desempregadas. Devido ao avanço do mundo digital de forma agressiva, e da enorme transformação da economia movida a serviços digitais, muitas pessoas que tinham carreiras sólidas no mercado, acabaram ficando ultrapassadas. Muitos desses não previam uma aceleração tão grande da engenharia e da tecnologia, outros não previam uma pandemia, outros ficaram a mercê de problemas da economia. A boa notícia, é que estudar é algo muito mais acessível do que era 10, 15 anos atrás. Claro, muitas pessoas ainda não possuem acesso à internet, algo que provavelmente impactará suas vidas com o OpenBanking, Moedas digitais, e toda modernização da economia.
Porém, existe uma parcela enorme de pessoas autônomas forçadas ou trabalhadores informais que perderam seus empregos, com acesso àinternet, mas sem acesso à informação (pega o trocadilho). O mercado de TI está cada vez mais aquecido e agressivo, eu recebo pelo menos 1 oferta de emprego por dia, muitas delas são totalmente remotas (mesmo após a pandemia terminar) e muitas das vagas não exigem formação superior agora. Bingo, e se conseguíssemos trazer essa galera de 40 (anos) desempregada para as vagas de programação, SRE, cientista de dados, etc...? Estava lendo o relato de uma desenvolvedora do PicPay chamada Fernanda Haddad, que aos 43 anos trocou de área (saiu da educação física e cursou análise de sistemas).
Já vi vários outros relatos de pessoas que eram designers, químicos, contadores e migraram "tarde" para esse mundo dominado pelos "jovens" ou pelo pessoal da vanguarda do Brasil, a galera que programava em COBOL (rs). Aonde quero chegar? Sempre digo que tem espaço para todo mundo nesse mercado, pro jovem, pro velho, para o homem e para a mulher, para cis e para o trans. Falta o incentivo para essa galera que acha ser algo super complexo e que é necessário ser muito inteligente para "mexer no computador". Claro, exige um baita esforço, pois estudar é algo doloroso, você vai se frustrar, vai se sentir burro, e quando resolver aquele problema, vai atrás de algo mais difícil, parece cansativo? Sim, é muito, mas estudar e ampliar sua capacidade intelectual é tão difícil como nadar travessia, correr maratona, ganhar músculos (sim, roubei do Clóvis de Barros Filho), e claro, exige sorte e empatia das pessoas no mercado, e devo dizer, as coisas estão mudando. Cada vez mais empresas estão com programas para inclusão de pessoas mais velhas e fora do mercado, fico feliz, pois todo mundo merece reconhecimento pelo seu esforço, sem preconceitos de fenótipos (la vém a Lumena) ou de genótipo.
Estou para criar uma plataforma gratuita agregadora de conteúdos gratuitos em português para programação, DevOps/SRE, ciência e engenharia de dados. Quero produzir textos e vídeos para iniciar as pessoas nesse mundo, e oferecer-lhes formas de como encontrar mais conteúdo, podendo escolher se querem pagar para realizar cursos da Alura, ou fazer algum curso da LoianeGroner/Professor Isidro. Quero também postar um mural de vagas inclusivas. Com foco no público que poderia ser aproveitado na tecnologia, mas está preso, pois não sabe como começar a estudar ou tem medo de ser ridicularizado. A ideia é dar um pouco de coragem e informação básica, para estes poderem iniciar uma carreira de sucesso.